I. DOUTRINA DE CRISTO
1. O nome Cristo.
"Cristo" é a forma grega da palavra hebraica "Messias", que literalmente significa "o ungido". Normalmente os sacerdotes, reis e os profetas eram ungidos com óleo, como símbolo da consagração divina para servir, no tempo do Velho Testamento (Êx 29:1-7; 1º Sm 10:1; 16:10-13; 1º Re 19:16). O rei era chamado "o ungido do Senhor" (1º Sm 24:10). O óleo usado na unção desses oficiais simbolizava o Espírito de Deus (Is 61:1; Zc 4:1-6). A unção era sinal de:
A) Designação para um oficio.
B) Estabelecimento de uma relação sagrada entre o ungido e o Senhor Deus.
C) A comunicação do Espírito Santo ao ungido.
Cristo foi designado para o seu oficio desde a eternidade, mas, historicamente, a sua unção se efetuou quando Ele foi concebido pelo Espírito Santo (Lc 1:35) e quando recebeu o Espírito Santo, especialmente por ocasião do seu batismo (Mt 3:16; Mc 1:10; Lc 3:22; Jo 1:32). Isto serviu para qualificá-lo para a sua grande missão.
2. O nome Jesus.
O nome "Jesus" é a forma grega do hebraico Josué, Jehoshua, Joshua ou Jeshua (Js 1:1; Zc 3:1; Ed 2:2), O nome derivado termo hebraico "salvar", que está de acordo com o que o anjo disse em Mt 1:21: "Ela dará à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles" (ARA). O nome Jesus significa: "O Senhor (Jeová) é salvação"; este nome foi dado a dois personagens bem conhecidos tipos de Jesus no Antigo Testamento, Um deles foi Josué, filho de Num, prefigurando Cristo como o grande General e Conquistador invencível, dando a seu povo a vitória sobre os seus inimigos e conduzindo-os à terra prometida. O outro é Josué, um sumo sacerdote no governo de Zorobabel, que tipifica o Cristo como sendo o grande Sumo Sacerdote expiando os pecados do seu povo.
3. O nome Filho de Deus.
O nome "Filho de Deus" foi variadamente aplicado no Antigo Testamento: Ao povo de Israel (Êx 4:22; Jr 31:9: Os 11:1). Ao rei prometido da casa de Davi (2º Sm 7:14; Sl 89:27); aos anjos (Jó 1:6; 2:1; 38:7); às pessoas da linhagem de Sete (Gn 6:2). No Novo Testamento vemos Jesus apropriando-se deste nome, seus discípulos e até os demônios lhe atribuíram esse nome (Mt 14:33; Mc 3:11). O nome "Filho de Deus" é aplicado a Jesus em três sentidos diferentes:
A) No Sentido Oficial Ou Messiânico. Este nome descreve mais o oficio do que a natureza de Cristo. O Messias é chamado o Filho de Deus como herdeiro e representante de Deus (Mt 3:17; 17: 5).
B) No Sentido Trinitário. Às vezes este nome "Filho de Deus" é utilizado para designar Cristo como a segunda pessoa da trindade santa (Jo 6:69; 8:16,18; 10:15,30; 14:20).
C) No Sentido Natalício. Cristo é também chamado "Filho de Deus" em virtude do seu nascimento sobrenatural. Serve para designar que a natureza humana de Cristo teve a sua origem na direta e sobrenatural operação do Espírito Santo (Mt 1:18-24; Lc 1:30-35).
4. O nome Filho do Homem.
No Antigo Testamento este nome é encontrado em Sl 8:4; Dn 7:13 e muitas vezes no livro do profeta Ezequiel. Aplicado a Cristo, "Filho do homem" designa-o como participante da natureza e das qualidades humanas. Era a maneira mais comum de Jesus tratar-se a si mesmo. Ele aplicou o nome a si mesmo em mais de quarenta ocasiões. As passagens em que ocorre este nome dividem-se em quatro classes:
A) Passagens que se referem claramente à vinda escatológica do Filho do homem (Mt 16:27-28; Mc 8:38; 13:26).
B) Passagens que falam particularmente dos sofrimentos, morte e, às vezes, da ressurreição de Jesus (Mt 12:40; 17:22-23; 20:18-19,28).
C) Passagens do Evangelho de João em que o lado celestial e a preexistência de Jesus são salientadas (Jo 1:51; 3:13-14; 6:27,53,62; 8:28).
D) Passagens nas quais Jesus considera a sua natureza humana (Mt 8:20; Mc 2:10,28; Lc 19:10; Jo 5:27).
5. O nome Senhor.
O nome "Senhor", quando aplicado a Cristo no Novo Testamento, tem três sentidos:
A) Como forma submissa e reverente de tratamento; (Mt 8:2; 20:33).
B) Como expressão de domínio e superioridade (Mt 21:3; 24:42).
C) Como expressão máxima de sua autoridade espiritual, expressando um caráter exaltado, praticamente equivalendo ao nome "Deus" (Mc 12:36-37; Lc 2:11; 3:4; At 2:36; Fp 2:11).
O título "Senhor", aplicado a Jesus, significa: “Aquele que por sua morte e ressurreição ganhou o lugar de soberania no meu coração, e a quem me sinto constrangido a adorar e servir com todas as minhas forças” .Se Jesus é o nosso Salvador, deve ser o nosso Senhor também.
II. AS DUAS NATUREZAS DE CRISTO
1. A natureza humana de Cristo.
As Sagradas Escrituras apresentam o Cristo encarnado, possuindo duas naturezas: A HUMANA e a DIVINA. Jesus era o Filho do homem, conforme Ele mesmo se proclamou. É nessa condição que Ele se identifica com toda a raça humana. Cristo Jesus teve que se tornar um homem verdadeiro para expiar os pecados dos homens; e esta questão da humanidade de Cristo não é simplesmente acadêmica, mas sim uma realidade bíblica. Notamos, portanto, as várias provas bíblicas da natureza humana de Cristo:
A) Ele Teve Nascimento Humano. A Bíblia nos diz que Ele nasceu de uma mulher (Gl 4:4). Este fato é confirmado pelas narrativas do nascimento virgem em Mt 1:18-25; Lc 1:26-38; 2:1-20.
B) Ele Teve Desenvolvimento Humano. Cristo Jesus teve o desenvolvimento normal dos seres humanos. O doutor Lucas diz que: "Crescia o menino e se fortalecia, enchendo-se de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre ele" (Lc 2:40-ARA), "E crescia Jesus em sabedoria, e em estatura, e em graça para com Deus e os homens" (Lc 2:52-ARC). O desenvolvimento físico e mental de Jesus Cristo deve ser explicado como sendo resultado das leis comuns do crescimento humano. Seu do desenvolvimento mental não pode ser atribuído ao estudo nas escolas rabínicas (Jo 7:15), mas deve ser atribuída à sua educação, em um lar temente a Deus, sua regularidade na sinagoga (Lc 4:16), suas visitas ao templo (Lc 2:41-46).
C) Ele Tinha Os Elementos Essenciais Da Natureza Humana. O Senhor Jesus Cristo tinha um corpo humano: "Corpo me formaste" (Hb 10:5-ARA); "derramando ela este perfume sobre o meu corpo" (Mt 26:12-AEC). Mesmo depois da sua ressurreição, Ele disse: “Apalpai-me e verificai, porque um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho” (Lc 24:39-ARA). Ele tinha alma: “A minha alma está cheia de tristeza até à morte” (Mt 26:38-ARC); “Agora está angustiada a minha alma” (Jo 12:27-ARA). E Ele tinha espírito: “Jesus, conhecendo logo em seu espírito” (Mc 2:8-AEC); “Ele suspirou profundamente em seu espírito” (Mc 8:12-AEC); “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23:46-ARC).
D) Ele Teve As Fraquezas Não Pecaminosas Da Natureza Humana.Pelas suas limitações humanas, sem pecado, evidentemente, Ele ficou fisicamente cansado (Jo 4:6); sentiu fome (Mt 4:2; 21:18); teve sede (Jo 19:28); dormiu (Mt 8:24); foi tentado (Mt 4:1-11; Hb 4:15); morreu (Mc 15:37).
2. A natureza divina de Cristo.
A divindade de Cristo já foi suficientemente provada no estudo da doutrina da trindade. Como foi mostrado, Ele possui os atributos de divindade. As provas da natureza divina de Cristo são tão abundantes que todos os que aceitam a Bíblia como a infalível Palavra de Deus, não têm qualquer dúvida sobre este assunto. Vejamos, portanto, as várias provas bíblicas da natureza divina de Cristo:
A) No Antigo Testamento. São muitas as passagens no Antigo Testamento que provam a divindade de Cristo, como por exemplo: Sl 2:6-12 cf. Hb 1:5; Sl 45:6-7 cf Hb 1:8-9; Sl 110:1 cf Hb 1:13; Is 9:6; Jr 23:5-6; Dn 7:13,14; Mq 5:2.
B) Nos Evangelhos. Nos evangelhos estão os mais elevados conceitos da divindade de Cristo, como se vê nas seguintes passagens: Mt 1:21; 3:17; 8:29; 11:1-6; 14:33; 16:16-17; 22:41-46; 25:31-46; 28: 18-20. Mc 1:11; 3:11; 8:38; 9:2-10; 13:26; 16:9-20. Lc 1:32-35; 2:10-11; 4:16-21; 7:11-15; 24:49-51. Jo 1:1-3,14,18; 3:16-18,35,36; 4:14,15; 5:18,20-27; 11:41-44; 20:26-28.
C) Nas Epístolas Paulinas. A natureza divina de Cristo está também inserida nas epístolas de Paulo e na epístola aos Hebreus, vejamos, portanto, os exemplos: Rm 1:7; 9:5; I Co 1:1-3; 2:8; II Co 5:10; Gl 2:20; 4:4; Fp 2:6; Cl 2:9; 1ª Tm 3:16; Hb 1: 1-3,5,8; 4:14; e outras tantas.
III. O CARÁTER DE CRISTO
1. Cristo foi absolutamente Santo.
Um dos propósitos da encarnação foi o de que Cristo nos desse o exemplo (Mt 11:29; 1ª Pe 2:21). Torna-se importantíssimo o estudo do Seu caráter, a fim de conhecermos o padrão, o ideal da jornada do cristão. Ele foi aquele "ente santo que de ti há de nascer" (Lc 1:35), o "Santo de Deus" (At 2:27); "o Santo e o Justo" (At 3:14), o "santo Servo Jesus" (At 4:27- ARA). O Senhor Jesus era Santo por natureza; pois o príncipe deste mundo nada tinha nele (Jo 14:30); e Ele era sem pecado (Hb 4:5). Era também Santo em Sua conduta; pois estava separado dos pecadores (Hb 7:26). Sempre fazia o que agradava Seu pai (Jo 8:29). Ninguém aceitou o desafio quando Ele lhes perguntou quem o "convencia de pecado" (Jo 8:46). E devemos ser santos porque Ele é Santo (1ª Pe 1:15,16). Não temos desculpas para escolhermos um ideal mais baixo do que aquele que a Bíblia Sagrada nos aponta.
2. Cristo viveu uma vida de oração.
Jesus orava incessantemente. Lucas menciona várias ocasiões em que Ele orou. Passava longas horas em oração. Às vezes, passava a noite toda em oração (Lc 6:12). Em outras ocasiões, Ele levantava bem cedo e buscava um lugar solitário para orar (Mc 1:35). Orava antes de se entregar às grandes tarefas, como por exemplo: antes de escolher os doze apóstolos (Lc 6:12-13); antes de começar a viagem missionária pela Galiléia (Mc 1:35-38) e antes de ir para o calvário (Mt 26:36-46). Embora orasse por Si mesmo, nunca se esquecia de orar pelos seus (Lc 22:32; Jo 17). Orava Intensamente, isto é, orava energicamente (Lc 22:44; Hb 5:7); orava perseverantemente (Mt 26:44); orava fervorosamente (Jo 11:41-42) e com submissão (Mt 26:39). Se o Filho de Deus precisava orar, quanto mais nós precisamos buscar a Deus.
3. O amor de cristo Jesus.
A Bíblia diz que "o amor de Cristo excede todo entendimento" (Ef 3:19). "O amor de Cristo por nós se toma claro por ser descrito como aquele que excede o entendimento, o que não pode ser dito a respeito de nosso amor por Ele" (Salmond). O amor de Cristo é entendido como o seu desejo e disposição na promoção do bem-estar dos objetos de sua afeição pessoal, e de sua devoção particular. O amor de Cristo se dirige:
A) Em Primeiro Lugar, A Deus Pai. "Para que o mundo saiba que eu amo o Pai, e que faço como o Pai me mandou" (Jo 14:31-ARC).
B) Em Segundo Lugar, Às Escrituras. Ele tinha as Escrituras Sagradas como o registro fiel dos acontecimentos e doutrinas, que Ele veio cumprir (Mt 5:17-18); Ele usou as Sagradas Escrituras na tentação (Mt 4:4-10); esclareceu certas profecias referentes a Ele (Lc 4:14-21; 24:44-49); e declarou que as Escrituras não podem falhar (Jo 10:35).
C) O Amor De Cristo Também É Dirigido Aos Homens Em Geral. O Senhor Jesus foi acusado de ser "amigo de publicanos e pecadores" (Mt 11:19). O Senhor Jesus Cristo amou de tal maneira os perdidos, que deu a Sua vida por eles (Jo 10:11; 15:13; Rm 5:8). Mais particularmente, Ele ama os seus discípulos. Jesus os ama tanto quanto o Pai O ama (Jo 15:9); os ama tanto que ninguém pode separá-los do Seu amor (Rm 8:37-39).
D) Cristo Amou Até Seus Inimigos. Ele orou por aqueles que o crucificaram (Lc 23:34); e nos exorta a que amemos aos nossos inimigos (Mt 5:43-48).
3. Cristo foi verdadeiramente manso.
Ele próprio diz: "Sou manso e humilde de coração" (Mt 11:29). Exemplos de Sua mansidão podem ser vistos na forma como tratou uma pecadora arrependida (Lc 7:37-50); no modo como Ele atendeu ao duvidoso Tomé (Jo 20:29); e em Sua ternura para com Pedro após este tê-lo negado por três vezes (Lc 22:61; Jo 21:15-23). A mansidão de Cristo é claramente mais vista no modo temo como tratou o traidor Judas (Mt 26:47-50; Lc 22:47,48); e aqueles que o crucificaram (Lc 23:34). O apóstolo Paulo ensina que o servo do Senhor não deve contender, e, sim deve ser brando para com todos, apto para instruir, paciente, (2ª Tm 2:24-25).
5. Cristo foi absolutamente humilde.
A humildade de Cristo se vê principalmente em Sua humilhação. O Senhor Jesus "não teve por usurpação ser igual a Deus, mas a si mesmo se esvaziou, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens. E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz" (Fp 2:5-8-AEC). Aqui na terra Ele vivia em grande pobreza. Ele que era rico, se fez pobre por nós (2 Co 8: 9) .Nasceu em um estábulo, pois, não havia lugar para Ele na hospedaria (Lc 2:7); não tinha onde reclinar a cabeça quando ia ensinando e curando (Lc 9:58). Ele mandou Pedro pescar um peixe para fornecer o dinheiro suficiente para o imposto do templo para Si e para Pedro (Mt 17:27); e foi sepultado em um túmulo emprestado (Mt 27:57-60). Jesus se ocupou dos serviços mais humildes. "Não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos" (Mt 20:28). O Senhor Jesus nos provou a sua humildade, ele lavou os pés aos discípulos (Jo 13:14).
6. Cristo foi um trabalhador incessante.
"Jesus lhes disse: Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também" (Jo 5:17). "É necessário que façamos a,s obras daquele que me enviou, enquanto é dia; a noite vem, quando ninguém pode trabalhar" (10 9:4 - ARA). Começando de manhã bem cedinho (Jo 8:2; Mc 1:35), Ele continuava até tarde da noite (Jo 3:2; Lc 6:12; Mt 8:16). O Senhor Jesus às vezes não tinha tempo de se alimentar (Mc 3:20-21; Jo 4:31-34), e de descansar (Mc 6:31-34). Seu trabalho consistia em ensinar (Mt5:7); pregar (Mc 1:38,39); expulsar demônios (Mt 4:23-24; Mc 5:12,13); curar os enfermos (Mt 8:9); salvar os perdidos (Lc 7:48; 19:9); ressuscitar os mortos (Mt 9:23-26; Lc 7:14,15; Jo 11:43-44); chamar e treinar Seus discípulos (Mt 10; Lc 10).
IV. A OBRA DE CRISTO
1. As razões para a encarnação.
As Sagradas Escrituras ensinam que o Cristo preexistente se tomou homem. Pois, não é possível falar da encarnação de alguém que não teve existência prévia. Esta preexistência é claramente ensinada na Bíblia. Assim disse o Senhor Jesus: "Eu desci do céu" (Jo 6:38; 1:1-4, 14; Gl 4:4; Fp 2:6-7). O preexistente Filho de Deus assume a natureza humana e se reveste de carne e sangue humano, um milagre que ultrapassa o nosso limitado entendimento. Há diversas razões pelas quais Cristo encarnou:
A) Para Confirmar As Promessas De Deus. O Verbo se fez carne para confirmar as promessas feitas por Deus e para mostrar misericórdia para com os gentios (Rm 15:8-9). Começando em Gn 3:15 e continuando através do Velho Testamento, o Senhor Deus, em várias ocasiões, prometeu mandar Seu Filho ao mundo (Is 9:6; 7:14; Mq 5:2; etc.). Um estudo acurado do Antigo Testamento revela o fato de que há duas linhas de profecias referentes à vinda de Cristo: Ele haveria de vir como Salvador e como Rei. A Sua vinda como SALVADOR é prefigurada nos sacrifícios do Velho Testamento e ensinada em muitos Salmos e nos Profetas (Êx 29:1-46; Lv 1:1-17; Sl 16:8-10; 22:1,7,8,18; 41:9-11; Is 52:14; 53:2-12; Zc 2:12,13; 13:1,7). A vinda de Cristo como REI é predita em muitas passagens do Antigo Testamento (Gn 17:6, 16; 49:9-10; II Sm 7:8-17; Sl 2; 8; 24; 45; 72; 89; 110; Is 11:1; Jr 23:5; 31:31-34; Ez 37:15-24; Zc 14:9).
B) Para Revelar O Pai. No Antigo Testamento, Deus é revelado como Criador e Governador (Sl 104; Ec 12:1; Is 40:28); Cristo acrescentou a esta revelação de Deus como Pai. As Escrituras revelavam a Unidade, Santidade, Poder e Beneficência de Deus; Cristo Jesus completou a revelação acrescentando a idéia de Deus como Pai (Jo 1:18; 14:9; 16:27; Mt 6:8-9,32; 7:11; 1ª Jo 3:1-2).
C) Para Aniquilar O Pecado. Cristo encarnou para aniquilar o pecado pelo sacrifício de Si mesmo (Hb 9:26). João diz: "E bem sabeis que ele se manifestou para tirar os nossos pecados; e nele não há pecado" (1ª Jo 3:5-ARC). Ele veio para redimir os homens de seus pecados por Sua morte (Jo 1:29,36).
D) Para Destruir As Obras Do Diabo. Cristo veio para "destruir as obras do diabo" (I Jo 3:8-AEC). Assim escreveu o autor da epístola aos Hebreus: "Visto, pois, que os filhos têm participação comum de carne e sangue, destes também ele, igualmente, participou, para que, por sua morte, destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo, e livrasse a todos que, pelo pavor da morte, estavam sujeitos à escravidão por toda a vida" (Hb 2:14-15-ARA). A vinda de Cristo, particularmente Sua obra na cruz, trouxe derrota a Satanás (Jo 12:31; 14:30). Ele é um inimigo vencido. Um dia, serão lançados no lago de fogo ele e seus seguidores (Ap 20: 10,15).
2. A morte de Cristo.
O acontecimento mais importante e a doutrina central do Novo Testamento resumem-se nas seguintes palavras: "Cristo morreu pelos nossos pecados" (I Co 15:3). Em todo o tempo que Ele viveu na terra, especialmente no fim da sua vida, Jesus suportou, no corpo e na alma, a ira de Deus contra o pecado de toda a raça humana. Estes sofrimentos foram seguidos por sua morte na cruz.
A) A Importância Da Morte De Cristo. A morte expiatória de Cristo é o fato que caracteriza o cristianismo. A morte de Cristo é anunciada no Antigo Testamento. Por exemplo, temos as profecias da traição de Cristo (Sl 41:9-11; At 1:16); as profecias da crucificação de Cristo e dos fatos que a acompanharam (Sl 22:1,7,8,18; Mt 27:39-41,45-46) e da ressurreição de Cristo (Sl 16:8-10; At 2:22-36). Nos livros proféticos, temos muitíssimas referências à Sua morte, por exemplo: Is 53:4-9; Dn 9:25,26; Zc 11:12,13; 13:1,7. A MORTE DE CRISTO É NOTÁVEL NO NOVO TESTAMENTO. O último três dias da vida terrena de Jesus ocupa aproximadamente um quinto das narrativas nos quatro evangelhos. Paulo diz que o evangelho consiste da morte de Cristo por nossos pecados, seu sepultamento e ressurreição (1ª Co 15: 1-4). A MORTE DE CRISTO É IMPORTANTE PARA O CRISTIANISMO. As religiões baseiam suas reivindicações ao reconhecimento sobre os ensinamentos de seus fundadores; o cristianismo diferencia-se de todas elas pela importância que dá à morte do seu Fundador (Rm 5:6-11; Hb 2:9,14,15). A MORTE DE CRISTO É FUNDAMENTAL PARA A NOSSA SALVAÇÃO. É necessário que Jesus Cristo fosse levantado para que o homem seja salvo (Jo 3:14-15); é preciso que o grão de trigo caia na terra e morra, para produzir muito fruto (Jo 12:24). O Senhor Deus, sendo Justo, não pode perdoar o pecador simplesmente com base no arrependimento do mesmo. Ele pode perdoar apenas quando a pena tiver primeiro sido paga. Para que Deus pudesse perdoar ao pecador e permanecer justo ao mesmo tempo, foi necessário Cristo pagar a pena do pecador. Jesus Cristo disse repetidamente que era necessário que Ele sofresse muitas coisas, ser morto e ressuscitar no terceiro dia (Mt 16:21; Mc 8:31; Lc 9:22; 17:25; Jo 12:32-34). Para que o homem seja salvo, é de extrema necessidade a morte de Cristo. Paulo provou aos tessalonicenses a necessidade da morte de Cristo (At 17:3). O Senhor Jesus Cristo veio com um propósito definido de morrer pelos pecadores; logo, Sua morte não foi acidental, nem morreu como mártir. Ele morreu para redimir o homem caído (Hb 9:22-28).
B) O Significado Da Morte De Cristo. A morte de Cristo tem três significados: morte vicária, morte expiatória e morte redentora. MORTE VICÁRIA: Significa morte substitutiva (Is 53: 11,12). Morte vicária é a morte pela qual uma pessoa morre em lugar de outra pessoa, isto é, eu seu lugar. Vigário é um substituto, alguém que toma o lugar de outrem age em seu lugar. Lemos na Bíblia que Cristo morreu pelos pecados de outros: "Mas ele foi ferido pelas nossas transgressões, e moído pelas nossas iniquidades o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados com ovelhas, cada um se desviava pelo seu caminho; e o Senhor fez cair sobre ele à iniquidade de nós todos" (Is 53:5-6-AEC); "que Cristo morre pelos nossos pecados, segundo as Escrituras" (1ª Co 15:3; 2ª Co 5:21; Rm 5:8; 1ª Pe 2:24; 3:18). A comunhão que o homem tinha com Deus interrompida. E o homem não somente está distanciado de Deus, como também está manchado o seu caráter. Existe um obstáculo muito grande entre os dois; e o homem não pode removê-lo pelos seus próprios esforços. Esse grande obstáculo é o pecado. O testemunho das Escrituras é este: que Deus enviou seu Filho ao mundo para remover esse obstáculo. Ao morrer pelos nossos pecados, o Senhor Jesus reconciliou o homem com Deus (Jo 3:16; Rm 4:25; Gl 1:4). MORTE EXPIATÓRIA: Expiação é cumprimento de pena. É morte satisfazendo, isto é, cumprindo a justiça de Deus. Assim, a morte de Cristo é uma expiação. A palavra expiação significa literalmente "cobrir" de modo a não ser visto. Em Lv 6:2-7, temos expiação individual por pecado individual; e em Lv 4:13-20, teu expiação nacional por transgressão nacional. Por estas passagens fica claro que o novilho ou carneiro tem que morrer e que o perdão é possível apenas através da morte de um substituto. O sofrimento do novilho carneiro tem o efeito de cobrir a culpa do verdadeiro criminoso, culpa e torná-la invisível aos olhos do Deus Santo. O sangue do sacrifício interposto entre Deus e o pecador e, em vista, a ira de Deus é afastada. Tem, pois, o efeito de afastar do pecador a ira de Deus (Sl 51:9; Is 38:17; 53:10; Mq 7:19). MORTE REDENTORA: Isto é, resgatando por meio de pagamento (Gl 4:4,5). A morte de Cristo é mostrada como sendo o pagamento de um preço ou de um resgate. A ideia de resgate é a de pagamento de um preço para livrar alguém que esteja aprisionado. O Senhor Jesus disse que Ele veio para dar a Sua vida em resgate por muitos (Mt 20:28; Mc 10:45). A palavra grega lutron (resgate) significa "preço de libertação", o dinheiro pago em prol de um escravo para que este possa sair livre. A vida de Cristo foi oferecida para pagar a dívida do nosso pecado, para nos libertar e justificar (Is 53:4,7-9; Tt 2:14; 1ª Pe 1:18,19).
3. A ressurreição de Cristo.
A) A Importância Da Ressurreição De Cristo. De acordo com Bíblia Sagrada, fé a ressurreição de Cristo é essencial para a salvação (Rm 10:9-10). Se Cristo não tivesse ressuscitado, o cristianismo não seria mais do que uma religião vazia como as demais. É a ressurreição de Cristo que faz do cristianismo o elo de ligação entre o homem e Deus. A ressurreição de Cristo é a doutrina fundamental do cristianismo. A importância vital da ressurreição física de Cristo fica evidenciada pela ligação fundamental desta doutrina com o cristianismo. Em I Co 15:1-19; a Bíblia mostra que tudo depende da ressurreição corporal de Cristo; se Cristo não tivesse ressurgido: A pregação apostólica é vã (v.14); A fé dos coríntios é vã (v. 14); Os apóstolos são falsas testemunhas (v. 15); Os coríntios ainda permanecem em seus pecados (v. 17); Os que dormiram em Cristo pereceram (v. 18); e Os cristãos são os mais infelizes dos homens (v. 19). Em todo o livro de Atos e nos ensinos de Paulo, a ênfase está sobre a ressurreição de Cristo (At 2:24, 32; 3:15,26; 4:10; 10:40; 13:30-37; 17:31; 26:23; Rm 4:24-25; 6:4,9; 7:4; 8:11,34; 10:9; 1ª Co 6:14; 2ª Co 4:14; Gl 1:1; Ef 1:20; Fp 3:10; Cl 2:12; 1ª Ts 1:10; 2ª Tm 2:8; 1ª Pe 1:21; 3:21). Na verdade, a ressurreição de Cristo é uma parte essencial do evangelho (1ª Co 15:4; 2ª Tm 2:8).
B) A Natureza Da Ressurreição De Cristo. A ressurreição de Cristo consistiu em que nele a natureza humana, o corpo e a alma, foram restaurada à sua força e perfeição. Da narrativa dos evangelhos aprendemos que o corpo de Jesus passou por notável mudança: Ele não podia ser facilmente reconhecido (Jo 20: 14, 15; 21:4; Lc 24:16), Podia aparecer e desaparecer de repente (Lc 24:31,36-38; Jo 20:19). Jesus tinha um corpo material, muito real, de carne e ossos (Lc 24:39). Comeu depois de ressuscitado (Lc 24:41-45). Ele tinha no corpo as marcas dos cravos e podia ser tocado (Jo 20:24-28). O Senhor Jesus passou por portas fechadas (Jo 20: 19,26). Ele está vivo agora e para todo o sempre (Rm 6:9,10; Ap 1:18).
C) Os Resultados Da Ressurreição. Podemos destacar como resultado da ressurreição de Cristo: Ela comprova a divindade de Cristo (Rm 1:4). Ela é a garantia da nossa justificação (Rm 4:25). Ela fez de Cristo o nosso Sumo Sacerdote (Hb 7:22-25). A ressurreição de Cristo é a prova concreta de Deus de que haverá julgamento dos justos e dos ímpios (At 10:42; 17:31). Ela é a garantia de que nossos corpos também ressurgirão dentre os mortos (Jo 5:28-29; Rm 8:11; 1ª Co 15:20-23). A ressurreição de Cristo preparou o caminho para que Ele se assente no trono de Davi no reino vindouro (At 2:29-32).
4. A ascensão de Cristo.
Por ascensão de Cristo, queremos dizer Sua volta ao céu em Seu corpo da ressurreição. Pode-se dizer que a ascensão foi o complemento e a consumação da ressurreição. As Escrituras Sagradas provam a ascensão de Cristo. Lucas a relata duas vezes, Lc 24:50-53 e At 1:6-11. Marcos se refere a ela em 16:19. Apesar de João não narrar a ascensão de Cristo, ele mostra que o Senhor Jesus já havia predito claramente em Jo 6:62; 20:17; cf Jo 13:1; 14:2,12; 16:10,16,17,28. Paulo falou muitas vezes dela, em Ef 1:20; 4:8-10; 1ª Tm 3:16. Pedro e o autor aos Hebreus também falaram da ascensão de Cristo (1ª Pe 3:22; Hb 4: 14; 9:24).
5. A exaltação de Cristo.
A) Provas Bíblicas Da Exaltação De Cristo. Há abundantes provas bíblicas da exaltação de Cristo. A passagem bíblica clássica que prova a exaltação do Senhor Jesus acha-se em Fp 2:9-11: “Pelo que também Deus o exaltou soberanamente e lhe deu um nome que é sobre todo o nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai” (ARC). E também em Mc 16:19; Lc 24:36-51; At 2:33; 5:31; Rm 8:34; Ef l:20; Cl 3:1; Hb 1:3;2:9; 10:12; Ap 3:21.
B) Os Resultados Da Ascensão E Exaltação De Cristo. Os resultados da ascensão e exaltação do Senhor Jesus podem ser estudados juntos: o Senhor Deus exaltou a Jesus, concedendo-lhe dignidade de Soberano (Fp 2:9). Ele está agora espiritualmente presente em toda parte; sendo adorado pelos seus, em todo lugar (1ª Co 1:2). O Senhor Jesus entrou para o Seu ministério sacerdotal no céu (Hb 4:14; 5:1-10; 6:20; 8:1-6; 9:24). Ele derramou Seu Espírito sobre Seu povo (Jo 14:16; 16:7; At 2:33). Está dando arrependimento e fé aos homens (At 5:31; 11: 18; 2ª Tm 2:25).